Desde que a pandemia do coronavírus começou, o Brasil vem sofrendo com a oscilação de preços de diversos produtos. Itens como arroz (120%), feijão (52,36%) e leite (47,79%), por exemplo, apresentaram altas expressivas devido à doença, estação fria, seca e até mesmo aumento do dólar.
A alta dos preços tem assustado os consumidores, que praticamente tiveram que remanejar o orçamento para adquirir esses e demais produtos. Entretanto, para quem trabalha na atividade pecuária, esse aumento não tem sido um problema mas uma ótima oportunidade para vender e lucrar mais.
Mesmo com a alta valorização da carne, a Scot Consultoria, empresa dedicada à competitividade do agronegócio brasileiro, aponta que as indústrias frigoríficas permanecem pagando mais pelo boi gordo. Mostrando, assim, que o preço alto não foi um fator para conter a exportação nem o consumo desses alimentos.
A questão é que, como os pecuaristas estão querendo aproveitar a valorização da carne para vender e lucrar mais, muitas pessoas estão ficando preocupadas quanto a disponibilidade dos produtos em 2021. Algo que, na falta, pode prejudicar o comércio local e até mesmo frear a exportação de gado.
Quer saber quais são as tendências para o próximo ano em relação ao mercado do boi gordo e se o preço da carne continuará alto?
Veja, neste post, como o mercado do boi gordo se comportou em 2020 e quais são as principais perspectivas para o próximo ano. Também, se a venda de muitos produtos agora pode prejudicar o pecuarista em 2021.
Esperamos que goste. Boa leitura!
Mercado do boi gordo: análise sobre 2020
Quem acompanha a movimentação no mercado do boi gordo sabe que 2020 foi um ano de grandes altas apesar dos impactos da pandemia.
Para compreender a fundo como o mercado chegou a esse cenário, façamos uma breve análise sobre a valorização dos preços e as circunstâncias que contribuíram para o aumento do preço da carne.
Janeiro
Em janeiro foi anunciada a primeira morte em Wuhan por conta do coronavírus. Até então o período era de estabilidade no Brasil, uma vez que não haviam casos confirmados da doença. Apenas suspeitos em Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba.
Janeiro fechou o mês com o preço do boi gordo cotado a R$ 190,80/@, valor 7,8% menor a cotação de 31 de dezembro de 2019.
Fevereiro
Em fevereiro o Brasil confirmou o primeiro caso do COVID-19, em São Paulo. Apesar da notícia abalar a bolsa de valores, que caiu 8% no mês, o preço da carne apresentou valorização fechando o mercado do boi gordo a R$ 201,75/@ no dia 28.
Março
Em março o número de infectados crescia no país e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, autorizou o uso da Força Nacional para ajudar as áreas mais afetadas no combate ao coronavírus.
Apesar do aumento exponencial de casos e da maior queda mensal da bolsa em 22 anos, o preço da carne continuou subindo até ser cotado a R$ 203,15/@ em 31 de março de 2020.
Abril
Em abril, o Brasil ultrapassou a China em número de contaminados. Os Estados Unidos (EUA) também surpreenderam o mundo ao confirmar mais de 1 milhão de casos de covid-19 no país.
As restrições, o distanciamento social e a insegurança sobre a economia mundial contribuíram para que o preço do boi gordo recuasse, sendo cotado a R$ 198,85/@ no último dia do mês.
Maio
Apesar da queda de 2,12%, em maio o mercado do boi gordo apresentou recuperação e o preço da carne superou o primeiro trimestre. A exportação de carne bovina cresceu 21% no mês, o que contribuiu para a cotação do boi atingir a alta de R$ 204,75/@ no dia 29.
Junho
A seca história da região Sul somou uma série de prejuízos à agricultura e pecuária. Por conta da estiagem muito das plantações se perderam e o custo de produção aumentou, encarecendo o preço da carne ainda mais. Saindo de R$ 204,75/@ em maio, o mercado do boi gordo fechou a cotação a R$ 218,40/@ ao final de junho.
Julho
Em julho a exportação de carne bovina do Brasil bateu recorde com compras da China. O aumento das exportações, o custo de produção elevado e os prejuízos deixados pela estiagem elevaram o preço da carne, que atingiu a cotação de R$ 228,30/@ no final do mês.
Agosto
O Brasil começou a retomada gradual das atividades e a exportação de carne bovina cresceu 19,4% ante agosto de 2019. A expectativa de recuperação da economia contribuiu para a valorização do produto, fechando a cotação do preço da carne a R$ 237,60/@ em 31 de agosto.
Setembro
Em setembro o faturamento com a exportação de carnes bovinas alcançou US$ 6,1 bilhões. Os Estados do Nordeste, o Sul, o Sudeste e Distrito Federal ainda lutavam contra o período de seca, que prejudicava plantações e, consequentemente, aumentava os custos de produção.
Superando todas as expectativas, o preço da carne foi cotado a R$ 256,70/@ em 30 de setembro.
Outubro
A média diária de exportação de carne bovina subiu em outubro. Com as exportações aquecidas e previsão de aumento na arroba para novembro e dezembro, o mercado do boi gordo atingiu a marca surpreendente de R$ 278,40/@.
Novembro
Segundo a Abrafrigo, a exportação de carne bovina apresentou a maior receita do ano em novembro, com US$ 844,8 milhões. Com o final de ano chegando e o consumo crescendo por conta das festividades, o mês fechou a cotação recorde a R$ 283,75/@.
Dezembro
Com a China fora das compras, o preço da carne sofre uma recuada em dezembro. Se em novembro os números foram recorde, no final deste mês o mercado do boi gordo fechou o período em R$ 267,15/@. Queda de R$ 16,60/@ referente novembro.
De janeiro até final de outubro, o preço da carne somou uma valorização de 52,7% na comparação anual. A projeção, segundo a Scot Consultoria, é de que o preço tenha ainda mais aumento, chegando a valer R$290,00/@ em novembro e dezembro de 2020.
Para o consumidor, o aumento do preço foi e continua sendo assustador. Afinal, a compra desses produtos impactam (e muito) no orçamento. No entanto, para o pecuarista, o cenário é cada vez mais positivo para vender, exportar e garantir lucratividade.
A questão é, será que esse cenário vai continuar no próximo ano ou o mercado do boi gordo vai dar uma recuada? Será que aproveitar a valorização do preço da carne e vender mais produtos agora é uma estratégia interessante ou motivo de preocupação para o produtor de gado?
É o que iremos descobrir!
Perspectivas para o mercado do boi gordo em 2021
De acordo com a Scot Consultoria, o mercado do boi gordo ainda está em ciclo de valorização. Ou seja, tudo indica que o cenário de preços deve se manter positivo no próximo ano.
Como em janeiro o consumo de carne geralmente diminui —, por conta do pagamento de impostos, gastos extras de final de ano e outros fatores —, a cotação pode sim dar uma recuada. Entretanto, com a expectativa de retomada da economia, a tendência é que o preço se mantenha equilibrado.
Para Lucas Rabelo, gerente de Grandes Contas da Prodap, a oferta de gado para a indústria frigorífica será limitada em 2021.
Segundo o especialista de pecuária, “Já foram abatidas cerca de 90% dos 250 mil confinados em fazendas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Pará, e o fluxo será menor de novembro até janeiro”.
Como agora o período de safra é de animais de recria e não animais para terminação, o próximo ano pode ser considerado um período de reposição. Assim sendo, a tendência é que os estoques de bovinos permaneçam em baixa e o preço do produto continue alto.
Segundo Sérgio Braga, analista de pecuária, o mercado do boi gordo deve abrir 2021 com preços em alta e pouca oferta. Os custos de produção ainda estarão elevados para o pecuarista, e isso influenciará para que o preço da carne se mantenha em alta.
Se formos avaliar a opinião dos especialistas, 2021 será um ano estável para o mercado do boi gordo. O que significa que o preço da carne não sofrerá uma perda abrupta de valor, nem tanta valorização quanto em 2020.
É claro que todas as tendências acima são apenas perspectivas. Ou seja, para saber como o mercado realmente vai se comportar e se o cenário irá se manter positivo, o ideal é o pecuarista acompanhar os preços que estão pagando na @ do boi com frequência.
Maior volume de vendas e preço alto da carne: oportunidade ou motivo de preocupação?
Como muitos pecuaristas estão aproveitando da alta para vender mais produtos, as pessoas estão com receio que a venda excessiva agora deixará o mercado do carente no próximo ano.
Da mesma forma, muito pecuaristas estão com medo de deixar passar essa oportunidade e não aproveitar o preço histórico da arroba para vender e aumentar os lucros.
Diante esses dois cenários, fica o seguinte questionamento: É possível o pecuarista aproveitar esse período de alta para vender mais e, ao mesmo tempo, não correr o risco de deixar faltar produto em 2021?
Sim, é possível! Mas para isso é necessário existir planejamento por parte do pecuarista.
Se ele definir uma estratégia e fizer a análise cuidadosa sobre quais produtos pode ou não vender, por exemplo, pode aproveitar a alta de preços bem como garantir a disponibilidade de itens para o próximo ano.
Uma estratégia que pode servir nesse caso é ele comercializar uma parte do rebanho e manter uma parcela de matrizes na fazenda para não zerar o número de animais para a produção.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil tem o maior rebanho bovino do mundo, com 222 milhões de animais. Então, se cada pecuarista agir de modo estratégico, o país pode continuar assumindo essa posição mesmo com a venda alta de produtos.
Dicas para lucrar em 2021
Agora que você já sabe como o mercado do boi gordo se comportou em 2020 e quais são as perspectivas para o próximo ano, que tal conferir 4 dicas para continuar lucrando em 2021?
#1. Defina um planejamento
O planejamento serve para ajudar você, pecuarista, atingir um objetivo proposto.
Se o seu objetivo no início do ano for de aumentar os ganhos da sua propriedade, por exemplo, você pode estabelecer um plano para comprar, produzir mais e assim diluir a depreciação. Por outro lado, se for reduzir custos, bolar uma estratégia para conter os gastos desnecessários e direcionar melhor os investimentos.
#2. Acompanhe o mercado do boi gordo
Acompanhar o mercado é importante para você identificar boas oportunidades. Fases ruins passam, fases boas também. Assim sendo, monitore os preços que estão pagando na @ do boi para você se manter atualizado e para conseguir agir de forma mais estratégica.
#3. Pratique uma boa gestão na sua fazenda
Como pecuarista, você não pode esperar apenas os cenários de alta para garantir lucratividade. Você quer ter controle sobre todo o seu negócio e assegurar lucro contínuo, certo? Então precisa saber primeiramente quanto custa produzir na sua fazenda.
Assim que você obtém os números sobre a sua propriedade e pratica uma boa gestão, você se torna capaz de identificar com exatidão quanto custa manter um bovino. Também, qual é o ganho médio de cada animal.
#4. Não deixe de investir em tecnologia
O mundo está evoluindo rápido e se você quer aproveitar o melhor que desse mundo precisa acompanhar tendências, inclusive investir em tecnologia.
Hoje, existem ferramentas tecnológicas que ajudam agilizar o controle e a análise dos dados. Bastões eletrônicos, por exemplo, podem ser utilizados na pecuária para fazer uma leitura mais rápida, eficiente e precisa das informações de seus animais.
Software de gestão, por outro lado, quando integrados aos bastões eletrônicos, podem ajudar emitindo relatórios importantes para tomada de decisão.
Gostou do tema? Quer saber mais sobre a pecuária ou conhecer outras tecnologias que podem otimizar a atividade? Então continue lendo o nosso blog e fique por dentro de todas as novidades!